A ascensão da inteligência artificial (IA) tem sido um tema de intensa discussão em diversos setores da economia, em especial do mercado de trabalho.
No segmento relacionado à profissão de copywriter não tem sido diferente.
À medida que a tecnologia avança, surgem novos desafios e medos entre os profissionais da área, preocupados com o impacto que a IA pode ter em suas carreiras.
Este artigo explorará, embora brevemente: 1. medos e preocupações, 2. desafios e 3. oportunidades, apresentando – pretensamente — argumentos capazes de afastar os itens do primeiro tema e reconhecer a existência dos dois últimos.
- Medos e preocupações
Deparando-se com a inegável qualidade dos resultados proporcionados pela Inteligência Artificial, é possível que os copywriters sejam abalados por alguns medos e preocupações, relacionados aos seguintes aspectos:
a) Substituição do trabalho humano por máquinas
O medo mais evidente é o de ser substituído por máquinas capazes de gerar conteúdo de forma rápida e eficiente.
De fato, como as ferramentas de IA podem produzir, em segundos, qualquer tipo de conteúdo para as diversas finalidades do marketing digital, muitos copywriters temem que suas habilidades se tornem obsoletas.
Neste aspecto, reportemo-nos à circunstância de que o trabalho de pesquisa voltado para a produção de conteúdo restou infinitamente diminuído com a popularização da inteligência artificial.
Contudo, aqueles que não acreditam na completa substituição do copywriter pela Inteligência Artificial, argumentam que a mão-de-obra humana sempre estará presente, ao menos para alimentar a base de dados das ferramentas, manejar direcionadamente a produção de conteúdo e corrigir os desvios e excessos dos resultados artificialmente produzidos.
Ademais — continuam argumentando os otimistas — o conteúdo produzido pela Inteligência Artificial, muitas vezes genérico que é, sempre ensejará uma atuação de especialista para adaptá-lo às especificidades ou particularidades do público, do prospecto e suas necessidades, da marca, do produto ou do serviço ofertado.
b) Perda da criatividade individual
Haveria também uma preocupação de que a IA poderia diminuir a criatividade única que os humanos trazem à tona através de técnicas de copywriting.
Tal preocupação ganha relevância ao ser considerado o fato de que o manejo constante da máquina resultaria na perda, pelo desuso, da capacidade cerebral criativa.
A capacidade criativa estaria mesmo em risco de atrofiar pelo não uso?
Cremos que não, eis que, ao menor por ora, a criatividade humana parece que sempre estará presente.
A uma, porque a capacidade de entender nuances emocionais e culturais profundas pode ser vista como algo que as máquinas ainda não conseguem replicar completamente.
Deste fato decorre logicamente outra constatação: a ausência de emoções e sentimentos pode destruir a racionalidade, vale dizer, haveria grandes chances de a máquina produzir resultados desalinhados com o senso moral, ético e até mesmo legal.
Afinal, a máquina não tem caráter.
Por último e não menos importante, devemos considerar (e isto a neurociência comprova) que a tomada de decisão (uma compra, por exemplo) sempre se baseia em aspectos emocionais e sentimentais (decisões não lógicas), campos ainda pouco compreensíveis até mesmo ao ser humano, que dirá para as máquinas.
c) Desvalorização da profissão
Com o uso habitual de ferramentas de Inteligência Artificial, significativa parcela de profissionais teme que o valor percebido pela realização do trabalho de copywriting possa diminuir.
Isso poderia levar a uma redução nas taxas de remuneração e na valorização da profissão.
Esta preocupação parece não estar alinhada à realidade.
Ao menos é o que demonstra a demanda pelos serviços de copywriting, cuja remuneração não diminuiu apesar da popularização da Inteligência Artificial.
Interessante notar que, em muitos anúncios que buscam trabalhos de copywriting, há referência expressa à exigência de que “não são aceitos trabalhos produzidos pela Inteligência Artificial”, ou seja, exige-se sim um trabalho humano puro, sem copiar e colar.
Também há uma preocupação daqueles que se candidatam a tais vagas em demonstrar que o valor cobrado pelo serviço seria fortemente justificável pelo não uso da Inteligência Artificial, comprometendo-se a apresentar um resultado personalizado e sem plágio.
Vejamos, por exemplo, este recente anúncio na plataforma Workana de trabalho freelancer:
Estas circunstâncias parecem comprovar que a remuneração paga aos profissionais da área não é ditada pelo uso da Inteligência Artificial.
E ainda demonstram que o trabalho humano tem sido mais valorizado que o labor artificial.
- Desafios
Explorados brevemente os medos e preocupações trazidas pelo uso da Inteligência Artificial, resta-nos virar a moeda e ver os pontos positivos trazidos por esses novos ventos.
Os desafios são aqui tratados como pontos positivos porque o desenvolvimento pessoal e profissional é inerente à natureza humana e somente podem ser alcançados com a corajosa aceitação.
Vejamos então alguns destes desafios.
a) Adaptação às novas tecnologias
Um dos maiores desafios é manter-se atualizado com as últimas ferramentas de IA e aprender a integrá-las ao processo criativo.
Isso exige não apenas habilidades técnicas, mas também uma mentalidade aberta para explorar novas formas de criação de conteúdo.
A busca pela adaptação irá proporcionar ao copywriter um contato direto e rápido com a diversidade de ideias captadas e resumidas pela ferramenta artificial, algo antes somente alcançável com muito trabalho em pesquisas e elevado custo financeiro.
b) Manutenção da qualidade e autenticidade
É um desafio para o copywriter garantir que este conteúdo gerado pela Inteligência Artificial seja de alta qualidade, autêntico e envolvente.
Para dizer a verdade, por ensejar adaptações e alinhamentos por ação humana, não se pode dizer que o resultado é produto exclusivo da Inteligência Artificial.
Isto porque, como já foi abordado, o conteúdo artificialmente gerado (e depois adaptado) deve refletir fielmente a mensagem e a voz especificamente direcionadas a um público, prospecto e suas necessidades.
Esta personalização e autenticidade — alcançada pela adaptação do conteúdo produzido pela IA — deve abranger também a marca, o produto ou serviços e os benefícios ofertados.
Assim, o copywriter deve encontrar maneiras de usar a IA sem perder a essência humana que torna seus textos convincentes, persuasivos.
c) Competição com conteúdo gerado por IA
À medida que expande o uso da IA a um custo acessível aos usuários, os copywriters precisam provar o valor que de seu trabalho, assim considerado aquele humanamente produzido.
A demonstração dos benefícios em contratar um copywriter pode incluir a referência à capacidade humana de pensar estrategicamente na elaboração de campanhas de marketing, com prévia pesquisa e compreensão do público-alvo, de seus desejos, medos, dores e necessidades, de modo a criar narrativas emocionalmente ressonantes, capazes de conduzir a uma ação.
Neste contexto e conforme mencionado no item “Perda da criatividade individual”, acima, não é possível afirmar, ao menos por ora, que a IA consiga substituir plenamente a habilidade humana, especialmente no aspecto emocional, que é tão relevante para determinar o prospecto a praticar uma ação.

Então, parece-nos inadequado cogitar, na atualidade, sobre uma suposta competição entre a IA e o copywriter.
- Oportunidades
Apesar dos medos e desafios, a IA também oferece oportunidades significativas para os copywriters.
Dentre as quais, podemos mencionar:
a) Aumento da produtividade
Ferramentas de IA podem automatizar tarefas repetitivas, permitindo que os copywriters se concentrem em aspectos mais criativos e estratégicos do trabalho.
Isso pode levar a uma maior eficiência e a capacidade de gerar mais conteúdo em menos tempo.
b) Expansão da criatividade
A IA pode ser usada como uma ferramenta para expandir a criatividade, oferecendo novas perspectivas e ideias que podem não ser imediatamente óbvias para os humanos.
Esta expansão decorre da capacidade da ferramenta em reunir, pela pesquisa em seu banco de danos, as ideias largamente difundidas e consolidadas no tempo, envolvendo as técnicas de marketing, de persuasão e de copywriting.
Este processo expansivo pode enriquecer o processo criativo e levar a conteúdos mais inovadores e envolventes, considerando especialmente a necessidade de sempre apresentar um conteúdo expandido ao prospecto, de modo a condensar, em um só lugar e oportunidade, o conhecimento relacionado a um determinado tema.
Aliás, o conteúdo expandido (alcançável também pela expansão da criatividade proporcionada pela IA) é um dos elementos do denominado “modelo de conteúdo ótimo e otimizado”, técnica usada para obter um melhor ranqueamento nas páginas de pesquisas do Google.
c) Desenvolvimento de novas habilidades
A necessidade de adaptar-se às ferramentas de IA pode encorajar os copywriters a desenvolver novas habilidades, incluindo a compreensão de algoritmos de IA, análise de dados e estratégias de conteúdo baseadas em IA.
Isso pode abrir novas oportunidades de carreira e áreas de especialização.
Menciono, por exemplo, o surgimento de cursos MBA em Inteligência Artificial, voltados para negócios e profissionais de marketing e gestores, através dos quais novas habilidades estão sendo ensinadas, como linguagem de máquinas e sua adaptação ao natural, redes neurais e sua aplicação aos negócios, estratégias para inovação com IA, soluções responsáveis no uso da IA, tomadas de decisões com IA, cultura de dados, novos fluxos de trabalho com IA, monitoramento de resultados, dentre outras.
Um MBA desta robustez pode trazer grande valor ao currículo do copywriter.
Conclusão
Podemos constatar que realmente a IA se apresenta no mercado de trabalho trazendo medos e preocupações, bem como desafios reais para o mercado de trabalho de copywriting.
Contudo, a IA também oferece grandes oportunidades para aqueles que estão dispostos a encarar os desafios e adaptar-se aos olhos da inovação.
Ao abraçar as mudanças e aprender a conviver com a tecnologia, os copywriters podem encontrar novas maneiras de prosperar na era da inteligência artificial, mantendo a importância, a relevância e a eficácia de seu ofício.
E isto.